sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fora do Brasil 3

Nos dois primeiros posts falei sobre como se preparar e garimpar oportunidades no exterior. A partir de então, ainda que aceito, nem tudo são flores. Quando se chega ao país ainda há muito a ser feito com relação aos procedimentos legais de residência, plano de saúde, telefone, conta bancária etc.
Uma dica, em caso de estudo sem trabalho remunerado, é buscar por subsídios do governo local para pessoas com baixa renda. No meu caso, por exemplo, pago apenas o equivalente a 40 reais por um plano de saúde que deveria custar 10 vezes mais aqui na Suíça.
Bom, depois de tudo isso há muito o que absorver da cultura local. Terafas simples como ir ao supermercado se tornam experiências interessantes.

Bagagem cultural

Para absorver uma cultura é preciso vivê-la, estar imerso. Essa experiência no exterior faz com que tudo aquilo que você sempre considerou um senso comum se torne pessoal, quase uma exclusividade. A oportunidade pode lhe ensinar a conviver com detalhes que sempre pareceram um tanto quanto bizarros. Você aprenderá que no leste europeu as pessoas tomam leite para acompanhar uma macarronada. Aprenderá que chineses não separam doce e salgado (inclusive possuem bala sabor carne). Da mesma forma, o mundo também vai estranhar a sua vitamina de abacate e muitas coisas que eram óbvias vão ruir.
Novas etnias, novas religiões, novos hábitos, entre tantas outras diferenças vão ensinar o respeito e a tolerância. Aquele comportamento do outro lado do mundo, talvez visto com indignação, vai finalmente fazer sentido, ainda que você não o compreenda.
Além de tudo, você verá a sua própria casa, próprio país com diferentes olhos e, quem sabe, até sentirá falta disso.

Novos idiomas

Aprender um novo idioma não é de graça. A necessidade é a maior motivação, no entanto, tente conservar o que já conhece. A Europa é um continente de muitos idiomas, mas no meio acadêmico o idioma comum a todos é o inglês, com uma infinidade de sotaques que poderão confundi-lo e, até mesmo, deteriorar o que você já sabia. O seu idioma nativo é o que mais sofre, por sair do uso cotidiano. Obviamente não é possível esquecer como se fala português, mas as regras gramaticais desaparecem com o tempo e outras palavras acabam sendo incorporadas sem propósito algum.
Senti por aqui que o Português é um idioma admirado, principalmente pelo leste europeu, que assiste muitas novelas da Globo. É comum que eles saibam uma palavra ou outra por conta disso, além de dizerem que "você fala o idioma mais bonito do mundo". Portanto, orgulhe-se.

Diferenças étnicas

Italianos são mais barulhentos, alemães pontuais, ingleses são mais sérios. Essas e tantas outras características que ouvimos do Brasil se confirmam. Entretanto, são aspectos que não afetam a receptividade, educação, consideração etc. Por exemplo, nota-se claramente que professores alemães são extremamente pontuais, justos e objetivos. Professores italianos, por outro lado, são mais flexíveis, falam mais e às vezes até chegam atrasados. Para qualquer um deles, no entanto, as aulas fluem bem e são bastante receptivos.
Um ponto que considero importante aqui na Europa é que muitos dos professores estão ligados à outras instituições ou empresas. Isso significa que um bom desempenho tem chance de abrir muitas portas.

Bom, chegamos ao final de uma curta série de três posts sobre oportunidades no exterior. Apesar da tentativa, eu acredito ser impossível descrever qualquer experiência de vida distante da terra natal. Para os aventureiros, desejo toda a sorte e paciência do mundo. Enquanto isso, estou à disposição para responder as perguntas que estejam ao meu alcance.

Espero ter ajudado de alguma forma!

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Leia o primeiro e o segundo post da trilogia "Fora do Brasil", onde Rafael fala sobre as oportunidades e os procedimentos para encontrar seu caminho lá fora.



Rafael Rezende é nosso correspondente internacional e tem um blog onde fala de suas impressões sobre a experiência de um brasileiro na Suiça. Visite e acompanhe as novidades do Vida Suiça.

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